LIVRO ARAME FARPADO NO PARAISO

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Descrição

Este livro é também uma modestíssima contribuição para a causa aparentemente perdida de restituir às pessoas que mais se emanciparam de Deus um resto da maldição antiga de terem de o procurar. Este é um volume que fala de uma viagem até o Brasil para toscamente simbolizar uma nova consciência de nossa perdição interior. O melhor que, enquanto autor, tenho para vos dar é esta esperança de vos poder ajudar a sentirem-se maus, merecedores do inferno. Só para pessoas assim é que a salvação serve para alguma coisa. Como Jesus dizia com ironia, respondendo às pessoas que estavam certas de não precisarem ser salvas, são os doentes que precisam de médico. O salvador veio para os maus, para os ruins, para os que têm um dom para estragar tudo ― eu sou um deles. E parte da minha história fica aqui, para obter de vós, queridos leitores, alguma companhia. –Este texto se refere à edição paperback.
“Um grau certamente elevado de educação é atingido, quando o homem vai além de conceitos e temores supersticiosos e religiosos, deixando de acreditar […] no pecado original, por exemplo, ou não mais se referindo à salvação das almas”, escreveu Friedrich Nietzsche em Humano, demasiado humano, de 1878. “Pois, segundo a probabilidade histórica, é bem possível que um dia os homens se tornem geralmente céticos nesse ponto.”

Quando escreveu as palavras acima, Nietszche talvez exprimisse mais uma esperança que uma certeza. Mas o fato é que vivemos hoje, no mundo dito ocidental, na profecia de Nietzsche cumprida: é improvável acreditar no pecado original e, por causa disso, salvamo-nos de precisarmos ser salvos. Claro que o Ocidente não é o mundo todo. Mas a grande parte das pessoas que, nesta fatia do planeta, continue a acreditar no pecado e na necessidade de a alma ser salva quase certamente se sentirá uma minoria que muitos verão como um estágio mais primitivo da história universal, ainda por agarrar a marcha imparável do progresso da humanidade.
Como é fácil de calcular, faço parte dessa eventual minoria que, na fatia do planeta que é o Ocidente, continua crente de que todas as pessoas que existem, já existiram ou existirão, são por natureza pecadoras e, por isso, precisam salvar a alma. É verdade que fui educado a acreditar nisso, tendo nascido numa família cristã congregada numa igreja batista, mas também é verdade que mais tarde me converti à religião na qual fui educado.
Para quem acredita que o que o faz o mundo girar são as probabilidades e não a validade de decisões pessoais, mais ou menos conscientes, converter-se à religião na qual se foi educado é uma espécie de crime intelectual. Também por causa da influência de homens como Nietzsche, o Ocidente romantizou como pessoas admiráveis aquelas que rompem com seu próprio contexto. Os santos deixaram de ser os que se convertem a uma verdade superior a eles, e passaram a ser os que se convertem à verdade que eles mesmos criaram. Como o contraste fica mais à vista quando um filho destoa de um pai, o mundo moderno encanta-se com uma adolescência eterna, em que rompemos com os princípios da família que nos educou, com o sexo com que nascemos, com o primeiro professor que nos deu aulas, e assim por diante. A regra é termos de morrer longe do lugar que nos viu nascer ― uma espécie de parábola do filho pródigo de pernas para o ar, em que o regresso à casa é proibido.
No livro citado, o próprio Friedrich escreve acerca do “perigoso privilégio de poder viver por experiência e oferecer-se à aventura” e de como “foi bom não ter ficado ‘em casa’, ‘sob seu teto’, como um delicado e embotado inútil!”. Um “espírito livre” então lhe diz: “Você deve tornar-se senhor de si mesmo, senhor também de suas próprias virtudes. Antes eram elas os senhores; mas não podem ser mais que seus instrumentos, ao lado de outros instrumentos”. No evangelho de Nietzsche, o filho louvável é o que sai de casa do pai com estrondo, resoluto de que reconciliações são para os fracos. No cristianismo, o abraço do pai é um imã espiritual; para o filósofo alemão, é preferível o abraço de todo o mundo restante, como prêmio por essa aventura corajosa e destemida

Informação adicional

Peso 1,000 kg
Dimensões 25 × 16 × 5 cm
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